Mídias tradicionais: parecem todas iguais

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Onde trabalho atualmente, pude ter – e ainda tenho – mais contato com diversos veículos que anseiam em fechar algum anúncio conosco. Talvez isso aconteça por pensarem que o nome da empresa, seja para o consumidor final como para o próprio mercado, é igualmente proporcional à verba de marketing.

Admito que, como anunciante, é entediante atender a todos os veículos, ainda mais quando eles insistem em agendar uma visita só para entregar um exemplar – para isso existe correio e motoboy. Por outro lado, entendo o profissional de vendas: ele tem de vender para conseguir sua comissão no final do mês. (peço desculpas pela franqueza, mas é fato)

Mas não é aonde eu quero chegar. Quando consigo contornar (não entenda como enrolar) a situação e encurtar o caminho para que me enviem a proposta por e-mail, a indignação me consome por inteiro. Antes de tudo, saliento que são veículos no segmento de turismo. Muitos se equivocam ao pensar que o destino para onde trabalho é direcionado para um público seleto e de alto poder aquisitivo. Sim, com certeza é, mas não somente o famoso público AAA, B+, BB e tantas outras combinações com as letras do alfabeto. Ele também é acessível para quem quer viajar parcelando em dez vezes sem juros. Logo eles se utilizam desse argumento e o transformam como vantagem para anunciar com eles.

Pois bem, esses veículos mostram em suas apresentações em Power Point (às vezes em PDF) que o público-alvo  da revista é A;  classe B de vez em quando. Alguns se aprofundam mais e mostram a faixa etária, sexo e até poder aquisitivo. Nem vou citar no quesito circulação, pois cada uma diz o número que mais lhe atrai: dez mil unidades, nível nacional, mailing exclusivo, distribuição VIP, entre outros absurdos. Aí eu me pergunto: esse levantamento justifica anunciar com eles? Qual o meu retorno em números com base em um público A+ e circulação de 10 mil exemplares? Ninguém tem isso – e se tiver, vai ser uma quantidade estimada (leia-se: um chute bem alto).

Agora vejamos pelo ponto-de-vista do anunciante – eu mesmo, por que não? Por que insistir em veículos tradicionais desse tipo, onde o dinheiro investido emperra em um resultado subjetivo (por mais que a campanha seja para o consumidor direto, com preço e todas as vantagens, a desculpa sempre vai ser a mesma: “pelo menos vai ser como institucional”). Por que não arriscar mais e pedir para a agência contratada um plano de mídia online mais ousado? E não estou falando só em links patrocinados e criação de banners (que para mim também já virou uma mídia tradicional – o resultado é medido por cliques e ponto final, não se fala mais nisso). Uma ação viral no YouTube ou mesmo um hotsite que tenha interação com o cliente (quer contato mais direto que isso?). Minha criatividade não permite avançar tanto assim, porém já seria um grande avanço se eu presenciasse – melhor, se eu participasse de – um planejamento de marketing com idéias um pouco mais inovadoras.

Falei inúmeras vezes e volto a dizer: não é abominar inteiramente a mídia offline. O mundo não é 100% virtual. O que sempre quis na prática – em minha experiência, pois testemunho diariamente os cases comentados em diversos lugares – é um pouco de cada um, contudo com mais ênfase no online. É pedir demais? 🙂

É o que já ouvi dizerem e assino embaixo: pense fora da caixa.

José Brandão & Jacacarambola

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2 Respostas to “Mídias tradicionais: parecem todas iguais”

  1. suzanacohen Says:

    Pois é, Zé, opções existem, resta saber quais seriam as melhores, as mais pertinentes. Vc trabalha é com hotelaria? Quando penso em turismo no contexto da web atual, sempre me vem à mente o Trip Advisor, saca?

    Eu acho que para o seu caso específico o mais interessante sera aproveitar o potencial da “web 2.0” (ou o nome que quiser dar) em benefício próprio, tentando promover a participação autêntica e voluntária de clientes para depoimentos, dicas e também críticas (que podem ser boas para avaliação do retorno e melhoria de serviços). Resta saber qual a melhor forma para promover isso.

    Abs

  2. Says:

    Suzana, seria uma ótima opção, assim como tantas outras, mas infelizmente – pelo menos aqui onde trabalho – a oportunidade de se trabalhar com outras alternativas (principalmente as Web 2.0) é zero. Às vezes por causa do budget, às vezes por causa da mentalidade restrita. Essa sim seria melhor forma de promover: abrir a cabeça para novos horizontes.

    Só a gente se salva mesmo, viu. 🙂

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